sábado, 20 de setembro de 2014

Feliz aniversário, Raul Soares!

Por Nélio Azevedo

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Nelio AzevedoRaul Soares completa 91 anos de vida como cidade, como uma comarca, uma paróquia. Pra mim tem muito mais, é uma cidade secular, pois, muito tempo antes, já existia como um desejo, uma palpitação que, com o tempo, se tornou uma realidade.



Não conseguia se ver como um apêndice de outras cidades, sua vocação estava ali, latente, buscando em seus inúmeros regatos as águas que iriam se avolumar e se tornar um rio por onde se chegava em suas margens se edificariam as primeiras casas, serpenteariam as primeiras vielas por onde viriam os homens e seus projetos, suas histórias e seu canto.
Com o tempo, vieram os trilhos do progresso, suas serras, seus caminhões e tratores, automóveis e aviões. Na atualidade temos até homens que voam feito pássaros realizando o sonho de Ícaro. Carros velozes e motocicletas em quantidade que assustam. Dos carros de boi e carroças não temos nem lembranças mais, da Maria-fumaça anunciando sua chegada com seu apito estridente. A Matriz de São Sebastião se ergue e aponta para os céus, já tem hospital e quartel.

Depois vieram as fábricas: louças, calçados, farinhas, ladrilhos, enxadas, eletrodos, móveis, tecidos, selaria, moinhos, usinas e tantas outras que, assim como vieram, se foram, deixando pra trás uma cidade órfã, que se encolhia e definhava; escapava pelos trilhos ou pelo asfalto. Se tornando uma cidade do "já teve".

Hoje ela volta a ter seus dias de esplendor, homens ousados novamente escrevem seus destinos ao traçar os novos destinos da cidade, ela se expande e se verticaliza. Outro surto de progresso bate às suas portas, numa segunda chance de se tornar aquilo que tem vocação: "A Princesinha do Matipó".

Qual será o segredo desse lugar? Seriam suas ruas? Seriam suas casas? Seus montes e seus rios? Porque será que as pessoas se encantam tão facilmente por ela? Seu Carnaval pode ser famoso, mas, não é o que faz essa cidade ser o que é. São sua gente. Suas pessoas que constroem esse dia a dia interminável da História do lugar, essas valorosas pessoas que ficaram e resistiram aos tempos difíceis, que mesmo tendo oportunidades, não arredaram o pé da terrinha. Essa gente que se mantém fiéis a muitos valores e princípios tão escassos hoje em dia, brava gente brasileira que não fugiu á luta e entregou seus filhos ao desconhecido e permaneceram ali na fonte, fortalecendo as raízes que nos faz voltar sempre, raízes que não nos prendem, mas que nos mantém com os pés no chão e a cabeça nos travesseiros de nuvens dos sonhos. Isto mesmo, o segredo nem é tão secreto assim, é essa gente fantástica que leva com orgulho o nome dessa cidade que se fez diferente e tão igual a tantas outras, mas, única em sua identidade e tão acolhedora nos braços dessa gente.

Hoje, quando se comemora mais um aniversário, é o povo quem recebe os louros de uma vitória diária na luta para não ter o destino de outras que se tornaram um simples retrato na parede descascada da memória.

Parabéns, povo de Raul Soares!

Nélio A. Azevedo, um de seus filhos.

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