terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Governo proíbe polícia de divulgar dados sobre violência

Por Nélio Azevedo

Mordaça. Ordem aos batalhões é que estatísticas só sejam reveladas desde que “previamente analisadas”

A gente acompanha através de jornais, revistas e telejornais diariamente as notícias sobre a violência e podemos constatar que não precisamos de estatísticas para ver que ela vem aumentando ano a ano, chegando a índices intoleráveis.

Na semana antes do carnaval, com a greve da polícia na Bahia, o número de roubos, assaltos e homicídios cresceu de forma assustadora na Capital baiana.

Na mesma época, o Jornal O Tempo publicou a reportagem com o título acima, dando conta de que a cúpula da Polícia Militar de Minas Gerais proibiu a divulgação de estatísticas que revelem os índices de criminalidade no Estado. Se o governador é o comandante das forças de segurança, essa ordem só pode ter partido dele, através do seu Secretário de Estado de defesa social Lafayette Andrada, que nega as denúncias.

Acreditar que escondendo, maquiando e sonegando informações dessa natureza irá nos fazer sentir mais seguros só pode ser piada se a gente vê nas ruas, nos telejornais e outros veículos que os 20% de aumento nos índices de violência são falsos, principalmente porque na mesma semana o IPEA mostrou que os assassinatos de homens entre 15 e 29 anos em Minas subiram 74,7% entre 2001 e 2007. E depois de 2008 piorou.

Somente depois de receber críticas do secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Renato Sérgio de Lima, do pesquisador mineiro Robson Sávio e das denúncias que a reportagem do Jornal o Tempo trouxeram é que o governo resolveu manifestar. Este comportamento causa um mal estar no seio da corporação que os mineiros aprenderam a respeitar, já que a população tem hoje um trabalho de parceria com a PM e comentários sempre vazam através de familiares e amigos.

Eu mesmo ouvi um comentário no restaurante onde frequento junto com dezenas de policiais de que a ordem é ligar as sirenes das viaturas sempre que forem chamados para registrar uma ocorrência, para que os meliantes tenham tempo de fugir e não seja lavrado o B.O.

O absurdo dessa maquiagem pode chegar a mudar a natureza e tipificação de um crime, como o que ocorreu na Grande BH, quando um homem atentou contra a vida de outro, desferindo seis tiros contra o mesmo, numa clara tentativa de homicídio que virou agressão e lesão corporal, já que nenhum dos tiros acertou regiões fatais. Quem dá seis tiros em alguém não pretende somente ferir ou assustar, quer é matar mesmo.

A quem interessa essa ação danosa? Somente ao governo do Estado que não se dispõe a atacar o problema de frente, com ações e equipamentos, com salários dignos e com uma parceria com a população, que é a maior interessada em ser bem informada para acreditar no trabalho da polícia.

Não é à toa que agora nos deparamos com a manchete e o quadro abaixo:

Violência II

Violência III

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